O Filme Comer Rezar Amar , com direçao de Ryan Murphy e atuação principal de Julia Roberts, com adaptação do livro homônimo de Elizabeth Gilbert, tornou-se um ícone na cultura pop por abordar a busca de autoconhecimento e felicidade através de uma jornada pessoal. No entanto, o filme também foi alvo de críticas significativas que destacam questões de particularidade, superficialidade e estereótipos culturais. Neste artigo, vamos explorar algumas críticas ao filme e os impactos dessa produção.
1. Questões de Privilégio e a Jornada de Autodescoberta
Uma das principais críticas ao filme Comer Rezar Amar refere-se ao modo como a jornada de autodescoberta de Liz Gilbert é marcada por especialidades financeiras. No filme, Liz embarca em uma jornada por três países (Itália, Índia e Indonésia) para se reconectar consigo mesma e buscar propósito. Essa possibilidade de viajar e se afastar de responsabilidades não está ao alcance de muitos, o que gerou um debate sobre a idealização da “fuga” como forma de se encontrar. Segundo The Atlantic , a experiência de autodescoberta é mais uma representação de uma “busca de luxo” acessível apenas a pessoas de condições econômicas desenvolvidas, desconsiderando, assim, as realidades e limitações da maior parte do público.
2. Representação superficial de culturas visitadas
Outro ponto de crítica importante é a forma estereotipada e superficial como o filme retrata as culturas italiana, indiana e balinesa. Os criticos acusaram o fime de apresentar esses países sob o olhar exótico do “turista ocidental”, que utlilizam esses locais como cenários para a autodescoberta dos protagonistas. A crítica cultural da Slate Magazine argumenta que o filme simplifica culturas complexas e suas tradições, moldando-as a partir de uma perspectiva utilitarista e sem profundidade cultural, o que leva a uma exploração da “espiritualidade de prateleira”.
3. Filme Comer Rezar Amar e a Atualidade como Produto de Consumo
O aspecto espiritual do filme também foi alvo de controvérsias. Durante sua passagem pela Índia, Liz busca um retiro espiritual em um ashram, onde tenta aprofundar-se em meditações e ensinamentos espirituais. No entanto, os críticos apontam que o filme retrata essa espiritualidade de forma superficial, convertendo-a em um produto de consumo. A jornada espiritual de Liz, em vez de se basear em um verdadeiro esforço de transformação pessoal, é tratada como algo que pode ser “comprado” através de viagens e retiros. Isso gerou debate sobre o filme tentar universalizar a busca espiritual como uma prática comercial, desrespeitando práticas religiosas locais.
4. Questões de Gênero e Independência Feminina
Em contrapartida, o filme também foi defendido por críticos que enfatizaram sua representação da independência feminina. Em um período em que filmes focados na autodescoberta feminina eram escassos, Comer, Rezar, Amar foi visto por algumas pessoas como um retrato de uma mulher em busca de um significado próprio, longe das convenções sociais e pressões de relacionamentos. Embora essa representação de liberdade feminina seja válida, críticos como os do The Guardian questionam se o filme realmente apresenta um modelo de empoderamento ou se acaba reforçando a dependência de Liz em experiências externas e caras para se sentir realizada.
5. A Trilha Sonora era Visual do Filme Comer Rezar Amar
Um ponto positivo amplamente aceito do filme é sua fotografia e trilha sonora, que capturam a beleza dos locais em que Liz visitou e oferecem ao público uma experiência sensorial marcante. Os núcleos vibrantes de Bali e os sabores da Itália, retratados com esmero, criam uma atmosfera imersiva que atrai os espectadores e os convidados a se perderem na jornada visual. Segundo a crítica de Roger Ebert , esses elementos tornam o filme visualmente interessante, mas ainda são incapazes de compensar a superficialidade percebida na narrativa.
Enfim…
Embora Comer, Reza, Amar tenha se tornado um filme popular e inspirador para muitos, suas críticas levantam reflexões relevantes sobre a exotização cultural e a comercialização da espiritualidade. O filme nos lembra que a busca pela felicidade é uma jornada única e pessoal, mas que a interpretação de narrativas de autodescoberta em contextos culturais distintos exige sensibilidade e profundidade para evitar o reducionismo. O filme foi capaz de abrir discussões sobre como a independência e a espiritualidade são tratadas no cinema e deixou um questionamentos sobre o problema dessas representações na cultura pop.