“Ainda Estou Aqui”: um filme sobre História, Resistência e Memória

Ainda Estou Aqui, filme dirigido por Walter Salles e lançado em 2024, é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e traz à tona um dos períodos mais sombrios da história brasileira: a ditadura militar (1964-1985).

Explorando os desafios enfrentados por Eunice Paiva, o longa convida o público a refletir sobre as marcas deixadas por esse período na história e na sociedade brasileira.

Uma luz fraca ilumina a sala enquanto Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, encara a foto de seu marido, Rubens Paiva. A expressão em seu rosto mistura dor e determinação, enquanto ela ouve, ao fundo, os risos de seus filhos tentando seguir com a vida”.

Essa cena, carregada de emoção e silêncio, sintetiza a essência de “Ainda Estou Aqui”, um filme que transborda memória, luta e resiliência.

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Sinopse de “Ainda Estou Aqui”

O filme acompanha a história de Eunice Paiva, que luta para descobrir o paradeiro de seu marido, Rubens Paiva, um político e ativista desaparecido durante o regime militar. Eunice enfrenta a repressão, o silêncio institucional e os desafios de criar cinco filhos em meio à dor e à incerteza.

A narrativa se passa principalmente no Brasil, em cenários urbanos e familiares que destacam o cotidiano sob vigilância e medo, enquanto também retrata encontros de Eunice com movimentos de direitos humanos e outras vítimas do regime.

O Contexto Histórico e a Importância da Memória

“Ainda Estou Aqui” não é apenas um drama familiar, mas também um relato histórico que joga luz sobre os traumas deixados pela ditadura militar no Brasil. A obra enfatiza a importância de revisitar esse período para compreender as feridas que ainda marcam o país e a luta por justiça e memória.

Como destaca Fernando Domingos, do Brasil de Fato, o filme “conseguiu traduzir para o mundo que a ditadura militar brasileira foi um instrumento de promoção da desumanização”.

Atuações Poderosas e Direção Sensível

A performance de Fernanda Torres como Eunice Paiva é um dos pontos altos do filme. Críticos internacionais, como Wendy Ide, do Screen Daily, elogiaram a interpretação de Torres, chamando-a de “magnífica e intrincadamente elaborada”.

A participação especial de Fernanda Montenegro, mãe de Torres, como Eunice em sua fase idosa, adiciona uma camada extra de emoção à narrativa. A direção de Walter Salles é sutil, conduzindo a história com sensibilidade sem cair em exageros emocionais.

Impacto no Público e na Crítica

“Ainda Estou Aqui” foi amplamente elogiado por sua profundidade e relevância histórica. Porém, algumas críticas apontaram que o filme aborda a ditadura de forma “suavizada” e “apolítica” (Folha de São Paulo). Ainda assim, a produção tem gerado discussões sobre o passado do Brasil e o impacto da repressão na sociedade atual.

No campo das premiações, o filme foi escolhido para representar o Brasil no Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025 e recebeu elogios em festivais internacionais, consolidando-se como uma das obras mais relevantes do cinema brasileiro recente.

Bilheteria e Repercussão

O sucesso de “Ainda Estou Aqui” também se reflete nos números de bilheteria. Em seu primeiro dia, atraiu mais de 50 mil espectadores e arrecadou R$1,1 milhão. Durante o primeiro fim de semana, liderou as bilheterias nacionais com 358 mil ingressos vendidos, somando R$8,6 milhões, apesar de tentativas de boicote por grupos de extrema-direita (IMDb).

Ainda Estou Aqui e o Globo de Ouro

Ainda Estou Aqui recebeu reconhecimento internacional ao ser nomeado ao Globo de Ouro 2025 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. A indicação destacou a relevância histórica e emocional do filme, colocando-o em evidência no cenário global. A obra se tornou um marco na produção cinematográfica brasileira, com grande impacto fora do Brasil.

A nomeação ao Globo de Ouro é uma validação do trabalho de Walter Salles em abordar com sensibilidade temas complexos como a ditadura militar. O filme conseguiu equilibrar a narrativa pessoal de Eunice Paiva com as questões políticas e históricas da época. Esse equilíbrio foi crucial para o reconhecimento da produção nos círculos internacionais de premiação.

A indicação ao Globo de Ouro aumentou a visibilidade do filme, trazendo ainda mais atenção para a história e sua mensagem de resistência. O reconhecimento demonstra a importância de Ainda Estou Aqui como um tributo às vítimas do regime militar. A premiação consolidou a obra como um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro recente.

Onde assistir o filme Ainda Estou Aqui

O filme está sendo exibido nos cinemas de todo Brasil e ainda não está acessível online. A disponibilidade deve acontecer em breve, assim que encerrar as exibições nos cinemas.

O desfecho do filme

No desfecho de “Ainda Estou Aqui”, Eunice, já idosa e interpretada por Fernanda Montenegro, segura nas mãos uma carta escrita por um de seus filhos, onde ele agradece por sua coragem e resiliência.

Enquanto a câmera se afasta, vemos Eunice em seu jardim, cercada por memórias e pela certeza de que sua luta não foi em vão. Essa cena final simboliza a resistência não apenas de Eunice, mas de todos que se recusaram a deixar o passado ser esquecido.

“Ainda Estou Aqui” é um filme que transcende a tela do cinema. Ele é um convite à reflexão sobre o passado, um tributo às vítimas do regime militar e uma homenagem à força e resiliência de mulheres como Eunice Paiva.

Com atuações poderosas, direção sensível e relevância histórica, o filme se estabelece como um marco na produção cinematográfica brasileira.

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